sábado, 8 de maio de 2010

Com o PT, onde o PT estiver...Será mesmo?

Por Joséli Costa Jantsch Ribeiro

Aos poucos, a nau é abandonada, o deputado André Costa (PT - RJ) foi o primeiro parlamentar a deixar o partido. Diplomata de carreira, André Costa entregou sua carta de desfiliação dizendo-se decepcionado: “O partido já causou uma desesperança muito grande na militância e no país para que a sociedade, agora, espere essa refundação do PT. Não se pode pedir isso à sociedade. É uma covardia política se dirigir aos miseráveis e despossuídos desse país e dizer que o governo está sofrendo um golpe das elites. Não há golpe das elites até porque as elites estão bem com esse modelo que está aí. É usar um pouco da desinformação da população para manter um modelo que, na prática, não resgata dívida social alguma. O PT deu um golpe na sua militância, na sua história e na sociedade brasileira ao produzir uma das maiores fraudes políticas que a história do Brasil já presenciou".

Outro que anunciou sua saída do partido foi o Sen. Cristovam Buarque (PT-DF), afirmou ele, porém, que sua saída em nada está relacionada com a compra de parlamentares promovida pela sigla petista. Ele acredita apenas que a dita “refundação” do PT levará tempo demais para acontecer, se acontecer: "Não vou esperar 10 anos, por isso é melhor outra sigla".

E como as desistências partidárias voluntárias parecem não ter sido suficientes, a Comissão de Ética do PT deverá, ainda, recomendar a expulsão de Delúbio Soares, pois como todos sabem, apesar deste lamentável festival de corrupção que aos poucos vem sendo desvendado, o partido não puniu ninguém!

O que, então, restará ao PT, se a Câmara dos Deputados decidir pela cassação dos deputados federais João Paulo Cunha (PT - SP), Professor Luizinho (PT - SP), José Mentor (PT - SP), Paulo Rocha (PT - PA), João Magno (PT - MG), Josias Gomes ( PT - BA), Paulo Pimenta (PT-RS), além, é claro, de José Dirceu (PT - SP)?!?

Duas coisas apenas, as eleições de um novo líder de bancada e a de um novo presidente nacional do partido. A primeira, ocorrida ontem, teve por resultado a eleição por aclamação do deputado federal Henrique Fontana (PT – RS) que, além de pertencer à corrente “Articulação de Esquerda”, é tido como um dos mais fiéis cavaleiros da tropa de choque partido, do Governo do PT e do Presidente Lula.

Quisera as lideranças petistas que a segunda, marcada para o dia 18 de setembro, se desse de forma tão pacífica, mas este, tomando-se por base a troca de farpas e ofensas entre os candidatos que a disputam, é apenas mais um sonho, que muito provavelmente transformar-se-á em pesadelo!

A novela sucessória teve seu início com as acusações feitas por Valter Pomar, candidato da esquerda petista à sucessão nacional, a Tarso Genro, presidente-tampão do partido. Pomar afirmou que Tarso, além de ser incapaz de decidir se vai ou não disputar as eleições internas do partido, também foge às discussões sobre o futuro da sigla, já que não comparece aos debates entre candidatos.

Então, Tarso Genro que, naquele momento, ainda, não tinha se dado conta da real posição que ocupava na direção do partido, resolveu tomar uma atitude um tanto quanto audaciosa: decretou peremptoriamente que se José Dirceu não saísse da chapa do Campo Majoritário, corrente da qual o presidente Lula faz parte, ele, Tarso Genro, não concorreria à eleição à presidência do partido.

Este, sem dúvida, foi um de seus maiores erros, pois o que o ingênuo presidente-tampão do PT não sabia, ou melhor, não havia percebido, é que a sua posição na direção do partido era tão decorativa quanto àquela ocupada pela Rainha Elizabeth II da Inglaterra. Ou seja, quem continuava governando era o seu arqui-rival José Dirceu, devidamente assessorado por Delúbio Soares e Marcelo Sereno.

“Do mesmo modo como não renunciei ao mandato de deputado federal, não renunciarei à chapa do partido”, ratificou José Dirceu que, além de querer voltar à presidência do partido, está trabalhando intensa e aceleradamente, para colocar como seu preposto, na direção do PT, o “chanceler fantasia”, Marco Aurélio Garcia.

Pobre Tarso! Tardia e peremptoriamente, descobriu que não tinha competência para dar ultimatos! E, mesmo com o apoio e a solidariedade prestados pelos companheiros Raul Pont (PT –RS) e Eduardo Suplicy (PT-SP), não lhe restou outra alternativa, se não a de, após reconhecer publicamente a sua posição de Rainha da Inglaterra, anunciar sua desistência à candidatura às eleições à presidência do partido pelo Campo Majoritário: “Eu não modifiquei nenhuma das posições que manifestei a este respeito, desde o começo. A minha candidatura só tem sentido se ela for renovação com ruptura.”

A cúpula petista bem que tentou, através das intervenções do Sen. Aloízio Mercadante (PT-SP) e dos governadores Jorge Viana (PT – AC) e Wellington Dias (PT – PI), achar uma acomodação para Tarso dentro do Campo Majoritário, grupo de Lula e de José Dirceu. Entretanto, pouco tempo após a desistência de Tarso, Ricardo Berzoini, secretário-geral do PT, anunciou que seria o novo candidato do Campo Majoritário às eleições de 18 de setembro.

O resultado disto é um só, Tarso Genro não só foi ejetado do processo de reestruturação político-partidário, mas também saiu como o grande perdedor, pagou um preço alto pela pretensão de “refundar” o partido. Ninguém aderiu a sua proposta! E, mais do que isto, largou o Ministério da Educação, para promover uma “faxina”, que não houve; em outras palavras, foi deixado de lado pelo governo e pelo partido, ficando apenas com o seu palavrório vazio!

Apesar disto, a polêmica esta longe de acabar, já que agora é Berzoini quem quer a saída do deputado José Dirceu da chapa do Campo Majoritário, justificando que a saída do do ex-ministro Chefe da casa Civil e dos demais deputados envolvidos em denúncias de corrupção deverá servir para evitar a "contaminação" da instituição.

Mas, o mais interessante é, sem dúvida, ver que alguns dos petistas que, à época do ultimato de Tarso Genro, discordaram de seu modus operandi; agora, estão negociando a saída de José Dirceu, já que sua saída impediria que a sigla do partido não viesse a sofrer novas e importantes baixas, como a do Sen. Aloizio Mercadante (PT-SP), que já condiciona sua permanência na chapa à saída de Dirceu.

E, para o seu tão sofrido eleitorado, que tantas esperanças depositou no novo sistema, restou apenas a decepção e a expectativa pelo desfecho da patética novela latino-americana em que se transformou a política brasileira!

Por fim, ao último espectador que da sala sair, peço que desligue a televisão, apague a luz e feche a porta.

Fonte: Videversus – Jornalista Vitor Vieira

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