sexta-feira, 7 de maio de 2010

Resumo dos Crimes do ABC...Paulista (é claro)!

Por Joséli Costa Jantsch Ribeiro

A Polícia Civil de São Paulo, finalmente, voltará a investigar o assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, ocorrido em 2002. Só que agora, atuará em colaboração com o Ministério Público, que acredita na existência de outros mandantes do crime, além de Sérgio Gomes da Silva, vulgo Sombra, ex-assessor de Celso Daniel, que pasmem tem como advogado Marcelo Sereno, o ex-chefe de gabinete do ex-ministro José Dirceu na Casa Civil da Presidência da República.

O então médico legista de São Paulo, Carlos Delmonte Printes, responsável pela realização do laudo sobre a morte de Celso Daniel, reafirmou que o ex-prefeito foi torturado, antes de ser assassinado. Disse, ainda, que os sinais deixados em seu corpo não confirmaram, de modo algum, a hipótese de crime comum. Em outras palavras, o crime teria tido motivação política.

Ele fez questão de confirmar sua versão perante o diretor-geral de Polícia Civil de São Paulo, Marco Antônio Desgualdo. Carlos Delmonte Printes lembrou que, na época do assassinato, deu uma entrevista para o Jornal Nacional (Rede Globo) na qual confirmou ter havido tortura! E, logo após este fato, recebeu ordens superiores proibindo-o de dar novas entrevistas, e mais além, acabou perdendo a cargo de chefia que ocupava.

Por sua vez, Elcídio Oliveira Brito, que está preso em São Paulo, acusado de ser o executor do prefeito de Santo André, Celso Daniel, afirmou ao Ministério Público e à Polícia Civil que o crime foi encomendado e que seu mandante é o petista-lobista Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra", que estava com Celso Daniel no momento do seqüestro. Os procuradores e policiais acreditam que o depoimento de Elcídio Oliveira Brito abre uma nova fase no caso. Eles estão convencidos de que Sombra não era o único interessado na execução do prefeito e querem descobrir quem são os outros mandantes do crime.

Dias depois de ter informado aos promotores de Santo André que a morte de Celso Daniel lhe renderia R$ 1 milhão, o seqüestrador, que pediu o benefício da Lei da Delação Premiada, foi ouvido pelo juiz de Itapecerica da Serra, Luiz Fernando Migliori Prestes. Em seu depoimento, voltou a apontar Sombra como mandante do crime e, não apenas isto, diz que Sombra deu todas as coordenadas para o bando de como e quando atuar: eles deveriam seqüestrar o ex-prefeito, conseguir os documentos que estavam em seu poder e só depois matá-lo. Por fim, afirmou que o mandante no dia do crime, parou espontaneamente o carro, em que estava o ex-prefeito, antes mesmo de ter sido abordado pela quadrilha!

Bruno José Daniel Filho, também irmão de Celso Daniel, diz: “Nós sabemos que o crime foi planejado. Portanto, há mandantes. Nós sabemos que o Celso foi torturado. Nós sabemos que as circunstâncias do seqüestro não foram as divulgadas na versão inicial. Nós sabemos que há participantes do crime que ainda é necessário elucidar.”

Bruno contesta ainda todos aqueles que afirmam ter sido este um crime comum: “Quem aceita a tese de crime comum aceita a tese de que não houve tortura, aceita que não houve a troca de roupa de Celso. Aceita a idéia de que não houve participação de Dionísio, um presidiário do presídio de Guarulhos que foi resgatado de helicóptero. Quem aceita a tese de crime comum aceita a tese de falta de documentos, falta de laudos importantes para chegar mais perto da verdade, relativa às mortes de outras seis pessoas assassinadas e que ainda não foram esclarecidas.”

O Ministério Público, que sustenta a tese de crime político resultante da descoberta, pelo ex-prefeito, de um esquema de corrupção na prefeitura de Santo André que abastecia o PT de dinheiro, diz que há cinco novos suspeitos de participação no crime de morte. É, justamente, isto que apavora o PT e a sua legenda!

Os promotores Amaro Thomé Filho e Roberto Wider Filho, que investigam o esquema de corrupção na gestão do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002, querem ouvir o doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, que garante ter informações sobre o funcionamento do esquema de desvio de dinheiro público e sobre os empresários e políticos que participaram das operações de corrupção em Santo André.

Os promotores dizem acreditar que Santo André tinha virado uma espécie de laboratório para o esquema que o PT montaria em outras prefeituras brasileiras. Entre as coincidências no modus operandi, está à participação do Banco Rural na movimentação do dinheiro de empresas de ônibus acusadas de pagar propina à Prefeitura. Documentos da agência de Nova York do Banestado demonstram a relação entre quatro empresas de ônibus que enviaram e receberam US$ 12,4 milhões para o exterior entre 24 de abril de 1996 e 27 de setembro de 1997.

Mas, o esquema não pára por aí, sim, ele é muito mais complexo, envolvendo também a imprensa, tão duramente tratada e criticada pelo presidente Lula. A Revista Veja noticiou que o empresário de ônibus Ronan Maria Pinto, acusado de chefiar um esquema de corrupção durante a gestão do PT em Santo André, admitiu à Justiça que é sócio oculto do jornal Diário do Grande ABC (de Santo André) e que o Ministério Público acredita que ele tenha comprado uma parte daquele jornal a pedido do PT, já que não é de hoje o interesse daquele partido pelo jornal. Em 2002, os antigos donos do Diário do Grande ABC teriam recebido uma proposta de compra da Trevisan Associados, empresa de consultoria que dizia representar o atual Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que todos sabemos ter sido sempre muito ligado ao PT.

Ao mesmo tempo, a CPI dos Bingos solicitou ao Departamento de Homicídios e Proteção da Pessoa (DHPP), de São Paulo, e às autoridades de segurança pública de Santo André, toda a documentação referente ao assassinato de Celso Daniel. E, mais decidiu convidar a depor perante a Comissão, José Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito Celso Daniel e, mais, convocou a depor Gilberto Carvalho, secretário particular do presidente Lula, que tem muito a ver com a não solução, até hoje, do “Caso do ABC Paulista”. Como podem ver isto ainda vai render muito! Será que a legenda petista conseguirá explicar tudo!?!

Baseando-se no depoimento do médico João Francisco Daniel na CPI dos Bingos, possivelmente não!

O irmão de Celso Daniel disse aos parlamentares que, logo após a morte de seu irmão, o então advogado informal do PT no caso e agora deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) chegou a se reunir com a família Daniel para comunicar que Celso não havia sido torturado, mas sim e tão somente tinha sido vítima de crime comum, apesar do laudo do legista desmentir categoricamente tal teoria. Segundo os irmãos Daniel, Greenhalgh, que demonstrou a intenção inicial de ser advogado da família e que acabou atuando como advogado do PT, mais atrapalhou do que ajudou. João Francisco relata que ele teria ficado muito tenso com a informação de que o apartamento da vítima houvera sido violado por pessoas de seu círculo de relações. Muito estranho, não é mesmo?

Definitivamente sim, ainda mais em se tratando de alguém como Luiz Eduardo Greenhalgh ( “advogado, lutador dos direitos humanos e combatente da tortura”), que mesmo depois de ter acompanhado o inquérito sobre o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André (SP), a mando de seu partido, deixou sem respostas algumas perguntas de inestimável relevância: Por que ele, sempre tão loquaz nos dias logo após a morte de Celso Daniel, agora fica tão absolutamente calado diante das revelações de que o ex-prefeito foi barbaramente torturado antes de ser morto? Como é que ele não conseguiu ver, no corpo de Celso Daniel, as marcas da bárbara tortura a que foi submetido o ex-prefeito de Santo André, antes de ser executado a tiros? E como desprezou o fato, notado pelo médico legista, de que vestiram uma cueca ao contrário no corpo de Celso Daniel, o que significa "traição" na linguagem da marginalidade? Por que ele, Greenhalgh nunca se interrogou a respeito desta suposta "traição" apontada pelos bandidos? Como "Sombra" passou de segurança a empresário de sucesso em tão curto espaço de tempo?

E mais, o médico João Francisco Daniel contou também que, no dia 26 de janeiro de 2002, após a missa de sétimo dia de Celso Daniel; ele, seu irmão Bruno José Daniel e Gilberto Carvalho, atual secretário particular do presidente Lula, se reuniram na sua casa, a pedido deste último que, durante o encontro, confidenciou saber que Celso Daniel sabia da existência do esquema de arrecadação de propinas na prefeitura de Santo André, este operado pelos empresários Sérgio Gomes da Silva (o “Sombra”) e Ronan Maria Pinto e também pelo todo-poderoso secretário de obras Klinger Luís de Oliveira Souza. Além de admitir que era o responsável pela arrecadação das propinas, Gilberto Carvalho, por três vezes afirmou que, apesar de ter muito medo ao realizar tal tarefa, levava a importância arrecadada, em dinheiro vivo, ao deputado José Dirceu (então presidente do PT) sozinho e em seu próprio carro um Corsa preto (ou seria Celta?). E, quando perguntado para que serviria o dinheiro, apenas respondeu que os valores seriam utilizados na campanha do presidente Lula de 2002.

Não é de se estranhar, portanto, que as pessoas citadas acima tenham construído, durante tal período, uma fortuna pessoal considerável, não é mesmo? Todos eles estavam sim enriquecendo de maneira estratosférica e este seria um excelente motivo para justificar o assassinato de Celso Daniel, afinal como afirma João Francisco, seu irmão Celso, assim que tomou conhecimento do propinoduto em Santo André, quis por fim em tudo aquilo, haja vista que Celso era uma pessoa que não ligava para bens materiais.

João Francisco Daniel lembrou que, além de Klinger Luiz de Oliveira Souza ter estado em seu apartamento por duas vezes depois do seqüestro de seu irmão, faltavam algumas folhas no livro de controle de entrada e saída de pessoas em seu prédio e que um laptop do ex-prefeito havia desaparecido. Coincidência ou não, neste laptop havia informações importantíssimas armazenadas, informações relativas a Klinger, Sérgio e Ronan, que Celso Daniel estava armazenando para sua segurança pessoal!

João Francisco acredita que Celso Daniel, seu irmão, foi assassinado porque estava preparando um dossiê sobre os pagamentos de propinas na prefeitura: "Ele foi barbaramente torturado porque eles queriam informações.” Para provar o que afirmou, João Francisco Daniel entregou uma cópia do dossiê aos membros da CPI dos Bingos, declarando que no documento, encontrado nos arquivos de seu irmão, há uma lista de operações ilícitas que comprovam o que ele afirma: o dinheiro arrecado através do esquema de propinas, na prefeitura de Santo André, era destinado sim às campanhas petistas de todo país e, principalmente, à campanha de Marta Suplicy à reeleição em São Paulo.

Muito embora, todos os fatos e provas apresentados até aqui por João Francisco Daniel comprovem o caráter ilibado de seu irmão, há testemunhas que afirmam que Celso Daniel não era tão honesto assim, como sua família quer nos fazer crer!

Uma ex-empregada doméstica de Celso Daniel afirmou, em seu depoimento ao Ministério Público, que encontrou duas sacolas de dinheiro no apartamento do ex-prefeito, oito meses antes de seu assassinato. E, ainda, um ex-funcionário do restaurante Baby Beef, de Santo André, disse em seu depoimento ter visto, diversas vezes, Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, o empresário Ronan Maria Pinto, o ex-vereador petista Klinger Luiz de Oliveira e o próprio Celso Daniel assinando documentos e contando dinheiro nas dependências do restaurante. Segundo o promotor Roberto Wider, o fato de Celso Daniel manter sacolas cheias de dinheiro em casa, por si só, não confere com a vida simples que ele levava e também é um forte indício do esquema de caixa 2 organizado na prefeitura de Santo André e que serviria, posteriormente, para o financiamento das campanhas do PT. Tais relatos, apenas reforçam a tese da promotoria: Celso Daniel era conivente com o esquema de arrecadação de dinheiro do PT!

Ainda que reste comprovada a conivência e quem sabe até mesmo participação ativa do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, no propinoduto, não podemos deixar, de forma alguma, que sua morte permaneça impune! Um crime não justifica o outro!

Conforme declarações do juiz João Carlos da Rocha Mattos, preso há um ano e onze meses,durante a operação Anaconda, e acusado de venda de sentenças e associação com o crime organizado:o que se está vendo, após todo este escândalo é, mais uma vez, a total falta de preocupação com a figura da vítima e, por outro lado, um grande empenho em se colocar “panos quentes” nas investigações para, quem sabe assim, encobrir-se os atos de corrupção na prefeitura petista de Santo André.

O juiz afirmou ainda que, o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, tem sim as “mãos sujas de sangue” pelo seu envolvimento no caso Celso Daniel. E, não parou por aí, acusou o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalg (PT-SP), o empresário e ex-vereador petista Klinger Luis de Oliveira e o “empresário” Sérgio Gomes da Silva, de tentarem desviar as investigações; acrescentando, que ele, João Carlos da Rocha Mattos, tem informações que podem contribuir para a elucidação do crime em questão.

Procurado pela Revista Veja, o juiz João Carlos da Rocha Mattos, revelou o que ouviu nas 42 fitas cassete, gravadas entre os meses de janeiro e março de 2002. Diz o juiz que os trechos mais comprometedores são aqueles protagonizados pelo atual secretário particular do presidente da República, Gilberto Carvalho: "Ele comandava todas as conversas, dava orientações de como as pessoas deviam proceder. E mostrava preocupação com as buscas da polícia no apartamento de Celso Daniel".

Ele garante que, ao escutar as fitas, constatou que o secretário particular de Lula além de conhecer muito bem o esquema de corrupção em funcionamento na prefeitura de Santo André, articulou a estratégia para difundir a tese de que o assassinato fora um crime comum.

Rocha Mattos contou, ainda, que era indisfarçável o interesse da nomenklatura petista na destruição das fitas. Ele inclusive indicou à Justiça duas testemunhas-chave do crime: uma mulher, cujo nome é mantido em sigilo, que teria testemunhado o seqüestro e presenciado o comportamento cúmplice de 'Sombra', e um homem, hoje preso e também mantido no anonimato, que denunciou com antecedência que Celso Daniel (e também Toninho do PT, morto em 2001) seria assassinado.

Por fim, se é que haverá um fim, para apimentar ainda mais a situação, a viúva do prefeito de Campinas (SP), Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, Roseana Garcia, pediu ontem a reabertura das investigações policiais sobre a morte do prefeito, assassinado em setembro de 2001.

Assim como a família de Celso Daniel, ela acredita que o assassinato de seu marido também tenha.motivação política, por causa das denúncias de corrupção que ele havia feito.

"Em 1991, quando era vice-prefeito de Campinas, o Toninho denunciou corrupção na prefeitura petista. Este é um momento político para se reabrir as investigações sobre a morte dele", disse Roseana Garcia.

Quando Toninho do PT exercia o cargo de vice-prefeito, o prefeito titular era Jacó Bittar, pai do sócio do filho do presidente Lula. Toninho também fez denúncias à CPI do Narcotráfico, que investigou políticos, empresários e traficantes da cidade, há cinco anos.

Em maio do ano passado, a viúva entregou um abaixo-assinado ao presidente Lula, com cerca de 53 mil assinaturas, no qual solicitava a intervenção da Polícia Federal nas investigações. Ela também nunca foi atendida!

Fonte: Videversus – Jornalista Vitor Vieira

Atualizado em: 22.10.2005

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